A foto revelou, do alto, a Lagoa
E o sapo, no salto, não corou à toa
Sabia que havia sonho na imagem
Mirada pelo olho de clique mágico:
pulsando peixes, minerais e mistérios mais,
o coração Lagoa no corpo Rio
Em volta, no meio fio,
os homens mergulhados nos seus meios
contraem músculos e, às vezes,
param agarrados pela flecha
de um safado cupido
E brotam das árvores, esculpidos,
Eternos amores sensatos,
pacatos, vulcânicos,
veementes e vadios
O sapo não corou à toa
Sabe a vida da Lagoa
e sofre a nostalgia
de ter sido, um dia,
sapo sujo só de lama
E, no clique do instante, sonha
a coragem do enamorado salto
na morada, Lagoa sua
coração de água que ama

DELAYNE BRASIL : Natural de Seropédica/RJ. Cursou Letras/UFRJ. Integrante do grupo
Poesia Simplesmente, com o qual publicou 3 livros (em 1999, 2001 e 2008). Participa de
coletâneas e publicações literárias e audiovisuais. Lançou o CD Nota no Verso, em 2003, com
poemas musicados de autores contemporâneos. Publicou, em 2013, o livro de poesias Em
Obras – Oficina Editores. É do coletivo Estados Gerais da Cultura.