Quisera eu ser vento
Que com um sopro passa.
Antes, sou outro elemento
Agua da chuva.
De rio selvagem ou de riacho sujo
Que às folhas se entrelaça
E quando me dou conta
Mesmo com natureza de contínuo rumo ao mar.
Já fiz –me poço profundo
Aprisionado
Naquilo que jorra por dentro
Os rumores do coração

COLHEITA

Pelos fragmentos dos mares de agora
Galguei por alimento
Que sustivesse nesse corpo o outro
De outrora.
Por florestas e riachos
Entre o real e o encantado
Ao ponto de não mais distinguir
Prossegui, destemida
A busca querida
De algo que não vi.
E se nada valia
Se o vale procurado
Jamais chegava a mim
Tampouco abortei a viagem
Coloquei na bagagem
As palavras que colhi.

SEMEADURA

Quero ser Água
Que arrasta
Toma-me
Transborda
Fertiliza o asfalto em mim
Brota em luz a flor escura
E, transmutada emchuva
Renova a esperança
E cura
Deleita
Alimenta a colheita

OCEANO, TERRA PROMETIDA

Em meio às penas coloridas
Todo o amor do mundo transborda
Seja porque a chuva canta forte
Seja porque não há terra capaz de absorve-lo
Sem tornar-se antes ,mar

FERNANDA MORAIS –carioca, psicóloga e servidora da Justiça Federal TRF 2. Poeta
fotógrafa experimental nas horas vagas, concebeu o projeto de poesia imagética Ângulos
@angulossereconectam que se propõe a promover a reconexão com o “eu místico” que em
todos nós habita mais pleno e expandido, diluindo toda a forma em fluxo de consciência.